5 de agosto de 2010

O PRIMEIRO DIA DE AULA DO RESTO DE NOSSAS VIDAS


Toda família tem suas manias. E seus códigos. E suas brincadeiras. E seu dialeto próprio. Assim como você faz quando é apenas um casal, com seu marido, noivo ou namorado, aquelas brincadeiras que só vocês entendem, os apelidos, os olhares que substituem as palavras... isso tudo ocorre também quando você tem filhos, mas aí, você inclui uma pessoa na brincadeira: seu filho. E como somos absolutamente normais e igual qualquer outra família (só mudando o endereço e algumas neuras) nós aqui em casa também temos nossos códigos e nossas brincadeiras. Eu e o filhote por exemplo, assistimos sempre muitos DVDs juntos. E já tem as partes dos DVDs que a gente se olha e dá risada. Por exemplo, o Nemo é um super assistido aqui em casa. E na parte do "primeiro dia de aula, primeiro dia de aula" ele sempre me olha e damos risada. Na parte que o pai do Nemo prefere que ele vá brincar nas esponjas e um peixinho chora, a gente também se olha e ri. Acho um barato.




Então como a vida imita a arte e a arte imita a vida, chegou o primeiro dia de aula do David também. Eu estava mais ansiosa que ele for sure. Porque eu sabia o que estava acontecendo, ele fazia uma "vaga, bem vaga" idéia. Cheguei atrasada. Não estou acostumada a acordar cedo e arrumar ele e me arrumar para sair de casa. Então eu  me arrumei e o papi arrumou ele. Claro que ele não queria vestir o uniforme e queria ir para a escola de pijama do Buzz. Até aí, super normal né? E nós quase plantamos bananeira pro menino se vestir logo e parar de enrolar mais do que já estávamos enrolados. Fomos, chegamos um pouco atrasados, normal, fiquei suuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuper emocionada. Quando entrei na escola e vi as criancinhas e pais e mães circulando por lá, deixando, ficando pra adaptação, aquela super movimentação dessas coisinhas tão pequenas, me deu um nó na garganta. E fiquei com os olhos mareados. Abrindo bastante pra não escorrer nem uma lagriminha, afinal, li na apostila de adaptação da escola que a adaptação DEPENDE MUITO DOS PAIS. Então não sou eu que vou melar a adaptação do meu filho né?
Segura a peruca Fernanda, seu filhote já tem 2 anos e 3 meses. Está mais que pronto pra ir pra escola... lembra?






Nem preciso dizer que o admirável mundo novo se abriu pra ele no momento em que a porta da sala de aula se abriu. Ele ficou encantado com os lugares das mochilas penduradas, a variedade de temas de mochilas dos coleguinhas,eis que avistamos um lugarzinho com a foto dele esperando a mochila do Thomas dele estacionar ali. Como chegamos atrasados (coisa feia mamma!) toda a turma já estava a postos, esperando por ele. Foi a maior festa. Ele é o único que está em adaptação, toda a turminha dele entrou no primeiro semestre. Ou seja, segundo a professora dele, bem mais fácil, pois é uma turma inteira já adaptada abrindo espaço para um novo integrante.  Ele foi super bem recebido. Adorou tudo. E eu é claro que fiquei toda boba  e orgulhosa de ver a evolução do meu filho. Ver que ele é um menino querido, sociável, inteligente, comunicativo, que se diverte e que existe além do meu umbigo. Sem falar que me senti super normal, pois fiquei presenciando a adaptação de outras crianças de outras turmas (enquanto meu filho ficava super bem na sala dele e eu lá, angustiada pensando como estaria meu pequeno e alerta a cada choro pra ver se era dele (tks god nem um chorinho) e 100% das crianças choravam chamando a mãe quando se separavam delas. Fiquei constatando como é difícil para estes minis tão minis sairem do mundinho particular das suas casinhas e irem para a escola. Mas é muito legal.  Uma sensação dupla. Fico super feliz de ver que ele está se soltando. Cada vez que a tia voltava pra me dizer: "Seu filho está ótimo, pode ficar traaaaaaaaaaaaaaaanquila" eu respondia: "sucesso"! E sentia um orgulho danado de ter um filho seguro de si, que mesmo sendo meu DUDI GRUDI, sabe que é amado, querido e que a mãe estará lá caso ele precise.
Nestas horas acho que tô fazendo um bom trabalho, mesmo sendo um "tanto" superprotetora. Porque eu tenho noção total do que é bom pra ele. De que ir para a escola é bom para ele. De que ele vai ampliar o mundinho dele. De que o mundo é bom pra ele. Pelo menos eu rezo todos os dias para que o mundo seja mesmo o melhor que ele pode ter. Tipo a música do Titãs:
"O mundo é bão Sebastião, o mundo é bão Sebastião, o mundo é bão Sebastião, o mundo é seu Sebastião"....




Deixar o filho pela primeira vez na escola dá uma sensação de que finalmente ele começou a crescer.
De que ele começou a ir para o mundo. De que eu não mais poderei protegê-lo sob minhas asas. Pelo menos não todo o tempo. De que eu sei que agora ele começa a dar seus passos literalmente sozinho. De que ele está iniciando uma fase de conquista e conhecimento que nunca vai acabar. Que seja o início de uma longa vida acadêmica de muitas realizações e felicidade. Que seja o primeiro de muitos que ainda virão.



Além de um grande nó na garganta e aperto no coração, sinto um orgulho danado de ter sido dispensada no segundo dia de aula porque meu filho ficou bem sem mim. Tenho uma sensação de uma pequena missão cumprida. De que meu filhote está bem encaminhado. Fico aqui no meio de um monte de mães vivendo a mesma sensação cada uma a sua maneira, cada uma com seus pensamentos, suas atitudes e seus apegos e desapegos. Estamos nos adaptando a nova fase. Eu a preparar todos os dias uma pessoinha para ir para a escola. A dinâmica da casa muda. A minha dinâmica muda. O sono dele mudou. Disse a professora que nesta fase é previsto. E se é previsto, pode ter certeza que vai acontecer com o David. Ele é aquele filho "livro texto". Com uma certa resistência a mudanças. Mas totalmente adaptável depois que quebra a barreira. Just Like Me.


Meu filho cresceu. Tá na escola e sem fraldas. Nosso bebê virou um menininho. Lógico que para os pais os filhos nunca crescem, e porque comigo seria diferente?



Beijos de mãe que faz adaptação com o filhote na escola e fica toda boba