24 de julho de 2013

Reflexões de mãe em tempos atuais


Sempre me questiono se estou sendo a pessoa que eu gostaria de ser, a mãe que eu espero que eu seja... Na verdade eu tenho um medo gigantesco de passar por essa vida e lá na frente descobrir que fui uma mãe de merda para os meus filhos. Uma mãe insignificante que depois que eles crescerem não deem a mínima para o que eu fiz por eles, tudo o que abri mão, toda a dedicação, o amor, as noites em claro... E depois penso porque eu tenho que esperar algo em troca se a relação de mãe e filho é incondicional? Será que ela é mesmo? Será que se seu filho virar as costas para vc, te tratar de maneira inadequada vc vai continuar abrindo mão de tudo por ele? Até onde vai esse amor?  Ele é capaz de te anular como pessoa para focar totalmente nesta pessoa em desenvolvimento e crescimento? Eu acho que sim, ele é capaz, mas não deveria, ou não deveríamos permitir que esse amor faça isso com a gente.

Tentar ter vida a parte dos filhos, ter tempo para ler um livro e tomar um chá faz parte. Conseguir escapar pra fazer a unha, escapar pra jantar  com uma amiga, escapar com o marido para namorar... são coisas essenciais para qualquer pessoa nesta vida... O amor incondicional pelos filhos tem que ser algo prazeroso, gostoso, feliz, não pode ser uma prisão... quantas mães eu não encontro pela vida que tem aquela estafa emocional por tanta dedicação? E outras vivem tranquilas sendo a mãe suficientemente boa do Winnicot...

Eu tenho uma vontade de superação, um débito constante... Eu quero ser a melhor mãe (claro que não sou)... eu quero que meus filhos sempre saibam que podem contar comigo, que no futuro digam que bom que tive essa mãe, que bom que ela fez isso pela gente, que bom que ela existe. Eu quero existir pra ver meus filhos crescerem, se desenvolverem, vibrar com as conquistas, dar colo nos momentos difíceis (que espero que sejam mínimos) mas a vida é isso... Acho que a coisa de mãe e filho é uma parceria da vida, que nem sempre da certo... Mas quando da certo é maravilhoso para os dois lados. Eu quero ser a mãe presente que respeita os limites do filho, que entende que cada um é uma pessoa diferente com necessidades diferentes e que tem sensibilidade suficiente para agir de acordo com os momentos de cada um. Eu quero ser uma mãe justa. Eu quero ser uma mãe que de muito amor. Eu quero ser uma mãe feliz. Eu quero ser um bom exemplo. Não quero me sentir no débito porque estou me realizando profissionalmente parte do dia fora de casa, longe deles. E claro que eu quero ser lembrada por este grande papel exercido na minha vida. Talvez o mais importante deles, porque gerar filhos e criar pessoas para a vida é uma grande missão e um privilégio. Será que eu quero demais? E existe medida para este amor imenso? 


*imagem de Yelena Bryksenkova - artista Russa com o traço mais lindo ever