23 de setembro de 2010

O SILÊNCIO



Depois de pensamentos frenéticos sem fim explodindo dentro de mim, preciso de silêncio. Silêncio na alma. Silêncio na mente. Silêncio no coração. Uma coisa OSHO. Ou então aquele quarto branco do Big Brother, rs. Num momento "flash back" acordei pensando nesta música do "Tutunes" (sou tão íntima da obra do Arnaldo Antunes que criei um apelido pra ele, acho que ele não se importaria com isso não é mesmo?).

momento luz:  agora sei de onde vem a mania do David de apelidar todo mundo! uau... genética é fogo mesmo....rs


Voltando pro post.... Acho esta música perfeita. Ode as origens. O retorno. O começo de tudo. O princípio. O silêncio.


Beijos de mãe que de vez em quando precisa de um BREAK, assim sem mais nem menos, sem motivos aparentes para o mundo. Uma pausa de mil compassos, como dizia Marisa Monte.


Semana que vem eu volto, bem barulhenta eu espero! Wait for me!

20 de setembro de 2010

90 ANOS E O LIVRO DE RECEITAS DE FAMÍLIA DA OMA


Este final de semana foi a comemoração de 90 anos da avó do meu marido. Fomos "toda a family" viajar para um hotel fazenda para passar um tempo juntos e fazer todas as honras necessárias para a ocasião. Foi muito legal. Fiquei falando pro meu marido que eu quero tudo igual quando eu fizer 90 (espero chegar até lá como a avó dele que está ótima, super lindinha, saudável e elegante). A gente deu um brinco maravilhoso pra ela de pressão (ela não tem a orelha furada)que minha cunhada desenhou, incrívelmente sob medida para ela e mandou fazer num ourives, resultado ficou espetacular e ela usou todos os dias que seguiram;
Demos também aquela ilustração linda de todos os bisnetos dela que a artista Lú do Nicolando por aí fez, enquadramos numa moldura magnífica com paspatur, ficou maravilhosa e Lú, foi o ponto alto, todo mundo amou... ela então não largava mais e é claro vai pra sala dela com local de destaque de obra de arte. FOI UM SUCESSO.

                                          

É uma família grande, então ela ganhou muitos presentes e muitas homenagens de todos os núcleos, mas teve uma coisa muito especial que vou levar pra vida toda. Uma neta dela (prima do meu marri) teve a idéia genial de reunir as receitas da "Oma"(avó em alemão para quem não sabe...) em um livro.
Mas não tão simples assim. Eles fizeram uma enquete por toda a família : "- Qual é a receita da Oma que você mais gosta?" e porque? aí a gente respondia, mandava uma foto da pessoa com a Oma e era até onde a gente sabia.  Bom eles fizeram a arte do livro, diagramaram lindo, cada página tinha uma foto da Oma com uma pessoa e o título da receita:

exemplo: Geléia de Morango por Fernanda (meu caso...rs)
Aí tinha  a receita original, embaixo o meu texto para ela e do lado a fotinho de nós duas juntas... e assim sucessivamente dos filhos, noras, netos, esposas (os) dos netos(as) e assim por diante...

Eles fizeram 20 edições, cada família recebeu uma edição (capa dura e tudo...) e a edição número 1 é claro que ficou para a Oma.

Gente é das coisas mais relíquias que pode existir.

As receitas dela, as delícias que a gente encontra na casa dela, as coisas que passaram de geração para geração, reunidas em um único livro, daqueles que a gente se agarra e nunca mais solta, que vai tentar fazer todas as receitas em vão afinal, as receitas da Oma tem sabor de Oma né? Mas foi o máximo.  O livro chama "Tem mais lá fora"  As receitas de Frau Franken

(é que sempre que a gente vai na casa dela, naqueles jantares deliciosos tudo ela fala que tem mais lá fora, ou seja, pra comer muito a vontade...)


Na verdade passei o final de semana realmente refletindo sobre tudo. Era Yom Kippur (o dia do perdão, e do jejum). Em todos os outros anos estaríamos nos abstendo de tudo para pensar nas coisas que passaram, nos desculpando pelos nossos atos não tão legais do ano que passou, fazendo as pazes com deus para começar um ano novo bem novinho, sendo inscritos no livro da vida por mais um ano com muita saúde... estaríamos finalizando o Yom Kippur na sinagoga com a bênção mais bonita de todas com os homens cobrindo suas famílias com seus talits, aquele mar de talits lindo e emocionante, mas este ano foi diferente de tudo.

Estávamos em Yom Kippur celebrando os 90 anos da Oma. Ninguém jejuou.
Todo mundo achou que o motivo era justo. Quando se tem 90 anos cada dia que você vive é muito importante. Você não sabe o que vai acontecer no próximo minuto. Então realmente não era possível adiar a comemoração. Mas estar tão imersa nestes momentos em famílía me fez ver o quanto realmente é isso o que a gente leva da vida. O quanto a nossa família é o que mais importa. O amor, a saúde, os momentos para recordar. O quanto tudo parece pequeno, quando tentava explicar pro David que ele tem 2 anos e a Oma 90, tudo parece tão pequeno né?


Enfim, esta semana é Sucot (a festa das cabanas) e li uma coisa bem legal escrita por um rabino da CIP que diz que passado o Rosh Hashaná (Ano Novo) e o Yom Kippur (dia do perdão) onde vc realmente faz a passagem, se desculpa, se perdoa e perdoa as pessoas, quando vc recomeça o ano, vem Sucot que é o começo de colocar em prática tudo o que vc refletiu nestes dias de ano novo. Sucot é atitude, sua primeira oportunidade de ação, de melhorar, de recomeçar. É uma festa feliz, para relembrar os povos antigos, montar uma tenda ou cabana e fazer tudo nela. E perceber que não precisamos de tanta coisa para sermos felizes. Eu adoro o que isso tudo representa. Eu adoro recomeçar. Qualquer coisa. Eu acho esta possibilidade da vida fantástica. Acho muito bom  a gente ter a chance de se olhar,  ver se tá fazendo algo certo ou errado e se deu errado, volta tudo e começa de novo, com aprendizado, com outra técnica, a vida tá aí pra isso, pra gente poder errar e recomeçar pra tentar acertar. E ser mãe não é isso mesmo? Um observatório diário de coisas que funcionam e outras que não rolam pra gente se tornar uma mãe melhor e tornar nossos filhos pessoas melhores? E a vida não é mesmo esta escola que a gente aprende diariamente as dar valor para as coisas REALMENTE IMPORTANTES pra gente?
Depois deste final de semana, penso na longevidade e acho que ainda tenho muita coisa pela frente. Sigo meu caminho. E não estou sozinha. Tenho muito amor e muita família junto comigo.

Beijos de mãe que quer ficar velhinha rodeada pelos filhos, netos, bisnetos é clarooooooooooooooooo cachorro, gato, peixe (papagaio, galinha vou passar, eu e as aves não somos amigas...rs)