9 de janeiro de 2012

A MORTE E O CALENDÁRIO

E aí o ano começou. Calmo como o ano todo deveria ser. Mas sei que isso muda. Pelo menos por enquanto, no primeiro dia pós férias eu quero manter o clima de calmaria que me acompanhou por essa temporada. Quieta, no meu pequeno paraíso, desconectada de telefone e internet. Bom pra desacelerar. Bom pra curtir as crias e a natureza ao máximo. Bom demais.
Agora força na peruca para não enlouquecer nas férias presa no apartamento com uma criaturinha de 3 anos e meio cheia de energia e muita alergia de picadas de insetos (help!) e amamentando um baby lindo fofo e gordo de 3 meses de mais ou menos 3 em 3 horas ( ou seja não dá pra fugir com o de 3 anos e meio por muito tempo por causa das mamadas do baby).
No meio de toda essa calmaria certo dia todo mundo se depara com o assunto MORTE. Cedo ou tarde ele aparece e infelizmente a morte é a única certeza que existe. Eu sempre tento "florear" um pouco sobre a morte quando o David me faz perguntas de "difíceis" respostas.
Acho que para a criança, lidar com esse assunto é um tanto quanto esquisito ou desnecessário, até que acontece com alguém que a criança conheça ou fique sabendo... então apesar de polêmico, é algo natural da vida, que eu tenho uma grande dificuldade em lidar.
Quando o David me perguntava sobre o meu pai (que faleceu há exatos 29 anos) eu sempre disse que ele "virou estrelinha". E a questão da "estrelinha" foi tomando proporções mais verdadeiras com o passar do tempo e com a evolução do vocabulário do David e das suas perguntas.
Aí este final de semana estávamos no carro indo para a casa da minha avó e ele me perguntou se ela tinha um cachorro. Eu respondi que ela tinha mas que ele já tinha morrido e virado "estrelinha" se ele não se lembrava dele, era o Buckão. Aí ele disse que se lembrava e ficou pensativo... depois me disse"
"_ Mamãe, a gente não quer que ninguém da nossa família vire estrelinha né?"
E eu disse que não. Mas que era inevitável quando as pessoas e bichos ficavam muito velhos isso acontecia. Aí ele me perguntou se a Twiggy (nossa cachorra de 9 anos) era muito velha...
Eu disse que ela era um pouco velha mas que ela ainda iria brincar muito com ele antes de virar estrelinha.
Ele me disse que não queria que ela virasse estrelinha nunca.
Eu disse que ele não precisava se preocupar porque isso demoraria pra acontecer. E que caso acontecesse nós teríamos uma outra cachorrinha pra entrar em nossas vidas e nos acompanhar.
Ele me disse que não queria nenhuma outra cachorrinha, só a Twiggy.
Assim encerramos o assunto. Fiquei pasma com as reflexões daquela cabecinha loira linda.
Eu encarei a morte muito cedo, tinha 4 anos quando meu pai morreu. E posso dizer que é muito chato lidar com isso tão cedo na vida... Eu nunca me recuperei e nunca vou me recuperar do baque da morte do meu pai em um acidente de carro aos 27 anos. Porém eu aprendi a conviver com a dor que vai amenizando a cada ano que passa. Esquecer a gente nunca esquece.
Eu espero bravamente com todo meu coração que meu filho entre em contato com a morte pelas leis naturais da vida, e que as pessoas que ele conhece e ama e os bichos também virem estrelinha só no final de uma vida bem longa e bem vivida. Isso é um desejo.
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Estou participando de um calendário delicioso criado pela Van do blog Coisas Minhas que é o CALENDÁRIO DA MAMÃE BLOGUEIRA. São 10 mães blogueiras que foram escolhidas por ela para falar sobre resoluções para 2012. Eu estarei lá no mês de julho. Passapra saber sobre tudo o que vai rolar nos mínimos detalhes. Vai ser o máximo! E o calendário será ilustrado pelo Cabelo que tem um trabalho lindo.
Feliz 2012 pra todo mundo!