O melhor post do mundo. Difícil. Ainda mais para alguém que escreve sem a menor pretensão, gabarito ou conhecimento. Ainda mais para alguém que escreve por escrever, para fazer disto um diário só para dividir os sentimentos, para colocar pra fora, para não transbordar.
Mas ir para New York por ganhar o prêmio de melhor post do mundo, motiva qualquer um a escrever algo especial. Afinal New York é New York (e o que isso quer dizer mesmo?)
Volto no tempo, e me lembro de duas passagens únicas em NY. Nas gravidezes dos meus filhos. Quer situação mais especial que esta? Duas vezes especial.
Primeira Passagem
Tentando engravidar. Alguns meses fazendo testes de farmácia. Negativos. Planejamos uma viagem para NY. Delícia, namoro descompromissado, bons restaurantes, peças da Broadway, Central Park, compras.... baladinhas e curtir a cidade que never sleep (nunca dorme). Parece perfeito né? Mas pode ficar mais perfeito. Eu tinha que tingir a raiz do meu cabelo antes de viajar. Passagem marcada para dia 29 de agosto. Era dia 25 de agosto. Eu precisava encontrar tempo entre trabalhar e conseguir resolver os preparativos da trip, tingir a raiz dos cabelos era um ítem do meu check list. Mas como estava tentando engravidar, passou pela minha cabeça que maybe (talvez) aquele mês o teste desse positivo. Torcia para que sim, então antes de tingir os cabelos, resolvi agendar um teste de gravidez de sangue no Fleury. Quis fazer logo o teste de sangue para pular o momento teste de farmácia e depois eu ia ter que fazer a confirmação mesmo, então fui direto ao ponto. Não me pergunte porque eu fiz isso, mas acho que dentro de mim, tinha algum sexto sentido dizendo que podia estar grávida... ou talvez fosse somente esperança. Saí na hora do almoço do trabalho rapidex e fui para o Fleury mais próximo colher sangue para o teste. Sangue colhido, voltei correndo para o trabalho, mordi um sanduíche no meio do caminho e voltei para a realidade. Tinha uma festa do marido a noite e por isso estava " montada" num look festa que todo mundo do trabalho estranhou. A noite fomos para a festa. Eu estava me sentindo meio estranha, com dor de cabeça, mas encarei a festinha. Tomei meia taça de vinho, empapuçou. Tomei água. Fiquei com sono. Voltamos para casa, liguei o rádio do carro e tocava a música da Marina: Grávida. A Música diz: " é que eu tô grávida, de um avião... é que eu tô grávida... achei coincidência ouvir aquela música no dia em que eu havia feito um teste de gravidez. Ficava fantasiando se poderia estar grávida. Nem havia dito para o marido sobre o teste. Quando chegamos em casa eu estava exausta. Fui direto para o banho. E ele entrou no banheiro para falar comigo e eu disse que havia feito um teste de sangue no Fleury. Ele me perguntou sobre o resultado. Eu disse que não tinha visto ainda, que nem sabia se já havia saído. Ele me disse se eu não estava curiosa. Eu disse que estava mais cansada do que curiosa. Ele disse que estava mais curioso do que cansado e quis ir na internet olhar o resultado. Eu falei: " pode ir" . Ele foi. Em alguns minutos ele voltou para o banheiro. Entrou no chuveiro junto comigo e disse: " você vai ser mamãe!" Choramos, rimos, ficamos embaixo do chuveiro um tempão juntinhos curtindo a notícia. Foi muito especial. Quase não dormimos aquela noite de tanto medo e euforia juntos misturados. Fomos para NY e a viagem foi bem diferente do que planejamos. Eu estava enjoada, sem beber álcool, me cuidando mais do que tudo neste planeta e era tudo tão novo que não conseguia comprar nada para o bebê com medo de que não vingasse. Mas vingou. E tá aqui, lindão com 4 anos de vida. Sempre me fala que já viajou para NY na barriga da mamãe. Viajou mesmo. E foi incrível.
Segunda Passagem
Estava grávida de 20 semanas do segundo filho. Passagem comprada desde o início da gravidez para ir para NY fazer o enxoval do baby com a minha cunhada e amiga super experiente em enxovais, mãe de 3 meninos. Sofrendo com contrações desde as 16 semanas de gravidez. Surtando de medo de perder o bebê uma vez que já havia sofrido um aborto retido em uma gravidez anterior com 9 semanas. Me recuperando do repouso de 3 semanas por causa das excessivas contrações em um estágio muito precoce da gravidez. Liberação do médico em mãos, cartinha de recomendação e autorização para viajar e let's go! (vamos nessa!)
Curtindo minha fase linda com uma barriguinha de 5 meses (quase 6), usando calça jeans e todas as minhas roupas de antes de engravidar, escolhendo com todo carinho do mundo peça por peça do enxoval do baby. Outro menino. Tudo azul de novo. Enxoval do quarto lindo escolhido na Pottery Barn Kids, minha loja preferida de decor para crianças. Eis que depois de dar uma little (pequena) exagerada, as contrações aparecem. Medo. Pânico de parir antes da hora e ainda mais em NY, longe da minha casinha, do meu país. Ligo para o meu médico que me receita buscopan e um outro remédio que eu não me lembro o nome. Eu tinha alguns comprimidos, mas não o suficiente para todos os dias na dosagem que ele me recomendava. Eu tinha que comprar. O meu médico passou o fax para o hotel com a receita. Levamos a receita em umas 5 farmácias. Nenhuma nos vendeu. Em cada uma era uma desculpa diferente (você já tentou comprar remédio nos EUA ou na Europa? Espero que você nunca precise). Meu médico recomendou repouso relativo. Relativo? Em NY? Fazendo enxoval? WTF?
Eis que minha cunhada teve duas brilhantes idéias: contratar um choffer (amei, trés chic!) assim eu não precisaria andar quase nada... e alugar uma cadeira de rodas para os trajetos a pé. Concordei e achei bom. Tudo pelo bem do neném. Foi super difícil. Primeiro para ela empurrar a cadeira (haja braço) depois para contornar os obstáculos, depois porque a cada loja que entrávamos eu simplesmente me levantava e encostava a cadeira deixando todos os atendentes com cara de ?
Depois por receber olhares de compaixão vindo de TODOS os lados: grávida, jovem e cadeirante: Poor Girl (pobre garota). Ganhei desconto em várias coisas, mesmo recusando.
Aí aconteceu o episódio derradeiro: A roda da cadeira soltou, no meio da 5o. Avenida, eu sem saber se levantava e ajudava ela ou continuava ali parada, caindo para um lado da cadeira bamba... eis que começa a surgir um movimento de pessoas para ajudar, um homem forte levanta a cadeira e conserta a roda em questão de segundos, e em seguida me pede um beijo... Oi? Um beijo? Sim, um beijo pelo meu trabalho... e todas as pessoas em volta na torcida... tive que dar. Um beijinho na bochecha do homem forte e generoso. Minha cunhada olhava pra mim e dizia baixinho : " se vc se levantar daí vão pegar a gente de porrada, agora fique quietinha..."
Ai que situ. Foi puxada. E depois que tudo acabou e saímos dali, sentamos num café e ficamos recuperando o ar. E rimos. E quase choramos...rs
E eu quase me levantei e larguei aquela cadeira lá mesmo... mas não podia. Pelo bem do baby.
Então depois de quase beijar os pés da minha cunhada por ter aguentado uma grávida louca e em estado " delicado" em NY, voltamos para São Paulo, eu aflita com o vôo de volta, rezando pra ficar tudo bem com o bebê, para que aquelas contrações não passassem de bobagens da gravidez. E ficou. E duas semanas após voltar as contrações cessaram, fiquei medicada e a gravidez fluiu que foi uma beleza. Tão beleza que o mini pessoa já está ha 2 dias de fazer 9 meses e com o primeiro dentinho que nasceu antes de ontem.
Coisas da vida. Coisas que aconteceram em NY. Adoro esta cidade. E tenho lembranças conturbadas mas muito felizes. Meus dois maiores presentes da vida viajaram para NY na minha barriga. Em breve espero ir com os dois fora dela. E mostrar tudo o que fizemos em outras ocasiões. Tudo a seu tempo.
Tudo do jeito que tiver que ser.