28 de outubro de 2013

AMOR QUE AS VEZES ADOECE


Quando vocês ficam doentes eu sofro. Eu não durmo. Eu me preocupo. Minha fé é testada em vários momentos. Quando vocês ficam doentes eu fico forte. Quando na verdade eu estou em frangalhos por dentro. Frágil. Sensível. Mas preciso contar pra vocês que tudo vai ficar bem. Que tudo vai passar. Acreditar nisso e fazer vocês acreditarem na minha certeza. Nas palavras que saem do meu coração. 
Nesses momentos eu queria que a dor de vocês fosse minha. Eu queria poder  aliviar tudo o que vcs sentem. Mas não posso... porque sei que suas dores são necessárias para o seu crescimento. Porque sei que vocês são meninos saudáveis e depois de noites sem dormir, de mil inalações, de diversas doses de remédio, vocês estão saltitando felizes por aí e tomando bronca por aprontarem mil peripécias da dupla dinâmica. Duplinha do barulho. Pessoinhas tão amadas. Amor que transborda, amor que dói. 

Quando vocês ficam doentes minha vida para. Meu mundo para. Meu foco é fazer tudo para cuidar de vocês para que vocês melhorem logo. Deixo comer na cama, deixo comer o que tem vontade, paparico, dou cafuné, deixo vir pra nossa cama. 

 Nossa vida fica suspensa por algumas noites, nossos jantares são interrompidos por um chorinho ou reclamação, nenhuma taça de vinho se esvazia, nenhuma refeição chega até o final, nenhuma noite é completa. Nossos braços se encontram com um de vocês no meio, ás vezes os dois. E nossas mãos se entrelaçam num movimento de amor e constatação de que estamos juntos, de que tudo vai passar, de que nossos projetinhos de vida estão ali e nós também com os braços de polvo maiores do mundo entrelaçando os maiores amores e esperando o momento certo de nos entrelaçarmos sozinhos.

É, quando vocês ficam doentes, a gente reza pra passar logo, e na maioria das vezes vocês melhoram logo. Felizmente.  E a vida vira festa de novo. E a gente volta a viver.