19 de abril de 2010

DE MÉDICO E MONSTRO TODO MUNDO TEM UM POUCO....


Fazia tempo que eu queria escrever sobre isso aqui no blog, mas acho que antes de escrever eu precisava "digerir" o que havia acontecido, e como boa taurina que sou, rumino rumino rumino até que finalmente um dia "voi lá" me satisfaço, realizo, e aí depois que está tudo dentro de mim resolvidinho fico apta para falar sobre o assunto...

Bom o ano passado eu e mon marri começamos a pensar em dar um irmãozinho para o nosso filhote. Mas não queríamos algo muito programado, eu estava prestes a trocar de anticoncepcional, eis que veio o " a partir de agora quando vier é lucro".
E veio o positivo, imediatamente. Foi um susto pra gente, não esperávamos tão rápido, afinal o nosso filho não veio de primeira, e sempre achei que esta frase: "engravidamos de primeira" era a mais pura conversa pra boi dormir, coisa que o casal fala só pra parecer muito fértil, pensava que coisa impressionante como o mundo é tão fértil né? rs até acontecer comigo. 

Com a notícia da gravidez ao invés de rir, eu chorava, de dó do meu filho, pode? pode sim.... chorava, ficava triste, achava que ele sofreria demais por ter tantas mudanças pela frente: perto dos 2 anos, ia ter que ir pra escola, tirar a fralda, tirar a mamadeira,chupeta e ainda ganhar um irmão. Até comprei um livro pra entender melhor a história.... mas chorava, tinha dó de ele ter que aprender a dividir, a sofrer por dividir a mãe, o pai, os brinquedos... louca né? é claro que tudo isso seria maravilhoso pra ele, mas na época eu não conseguia enxergar como uma coisa benéfica, desestruturei, completamente, meu marido falava, Fezinha vc tá muito louca.... e eu estava mesmo. Mas desde sempre sentia que algo não tava 100%. Coisa de mãe. Tinha umas cólicas fortes, uma tristeza profunda, ao invés de ficar feliz quando soube da gravidez, fiquei esquisita, preocupada, com medo, ansiosa. Muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito diferente de toda a maravilha que foi quando engravidei do David. Sinal de Alerta, mas eu não percebi.

Enfim, esperamos 8 semanas pra contar pras pessoas, mas tinha uma coisa esquisita, o bb tava com 1 semana de atraso no seu desenvolvimento, e segundo meu "ex-médico", algo normal que ocorre quando há dia de ovulação tardia... Demoramos pra contar para as pessoas e para comemorar, mas ainda estávamos começando a nos acostumar com a boa nova...  Eis que decidimos abrir o verbo e contar pra todo mundo num domingo. E eu perdi o bb na terça. (pausa)



Chato, triste, dolorido, insuportável, desagradável, sentido, sofrido, tudo isso junto, misturado, numa grande caixinha de lágrimas que guardei dentro de mim, porque não podia olhar pro meu filhote, amado, lindo, saltitante, gritando mamãe, mamãe e derramar uma lagriminha. Sacudi a poeira na hora, tirei forças nem sei de onde, mas ela existe, acho que sou mais uma fenix, como tantas outras mulheres. A vida continuava, era dezembro, tinha natal (a ceia ia ser aqui em casa) e depois o reveillon (a festa ia ser na minha casa em ibiúna) ou seja, parar como? Até tive vontade de me transformar em uma placa escrita: FECHADA PRA PENSAR, VOLTO SÓ DAQUI 3 MESES, mas como eu poderia fazer isso? Impossible... Sem falar que recebia os 7890987654321 telefonemas de T O D O S  os queridos me dizendo o quanto sentiam muito e se eu precisava de algo, como eu estava... isso era reconfortante mas ao mesmo tempo me fazia lembrar de algo que eu queria esquecer, e continuo querendo, até hoje. O bom destes consolos das pessoas queridas é que fiquei sabendo de várias histórias parecidas com a minha, e aí não  me sentia um ET sabe? Mesmo na blogosfera descobri várias pessoas que tinham vivido algo similar, e claro a afinidade acabava rolando imediatamente.....


O fato é que na época do ocorrido, meu médico, hoje ex-médico, que era um amado, querido do coração e que eu e mon marri confiávamos plenamente e cegamente foi tão ausente, e tratou à mim, a situ e ao todo com tanto descaso que após o aborto retido que tive, os dias meio amargos esperando que algo acontecessem e a feliz curetagem que me libertou desta situaçào para finalmente partir para outra, eu mudei de médico, claro, sem mandar notícias. Mas meu marido indignê ligou lá e falou poucas e boas, eis que me ligaram do consultório do pessoa ex médico, dias seguidos, até que eu atendesse e ouvisse suas lamúrias e virasse a página, de vez. Não desejo mal, não queimei o filme dele com as minhas amigas que indiquei para irem no consultório, simplesmente fiz minha escolha, percebi que mesmo ele sendo um amado querido e super competente, na hora do aperto, na hora que mais precisei ele não estava lá, e aí ele não servia pra continuar sendo o meu médico. Então com muito pesar, conheci o lado dele monstro, mostrei o meu lado monstro e sumi do mapa, ou melhor, da clínica powerfull dele.




Durante esta experiência um tanto traumática, eu diria, eu pude perceber que durante o período pós TUDO, eu  me permiti ser um pouco mal educada, um pouco revoltada, um pouco chata, um pouco xiliquenta... coisas que normalmente não me permito, ou simplesmente não sou... coloquei pra fora um pouco do meu lado "monstro" e hoje, vejo com clareza que precisava colocar pra fora um pouco da minha "revolta" interna, da minha indignação de "porque isso me aconteceu"? "o que foi que eu fiz de errado"?, um zilhão de questionamentos sem respostas, porque a resposta é sempre aquela, muito óbvia e muito clara: NÃO ERA PRA SER. E PONTO FINAL. FULL STOP.
Quando penso friamente vejo que não tinha muito direito de ficar mal, uma vez que tem gente com problemas muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito piores que o meu, a vida tá aí, quando eu quiser tentar de novo outro baby virá, na hora certa, isso tem solução, tem coisas que não tem solução, mas mesmo assim, vai falar isso pro coração... manda o cérebro enviar esta mensagem e ficar repetindo pro coração umas 77vezes por dia... quem sabe assim ele aprenda e entenda.

Daí todo mundo me pergunta, os avisados e os desavisados: "-e aí, quando vem o segundinho"? e eu conto uma coisa: se me perguntarem se eu quero outro filho, eu digo sem piscar: quero! Mas se me perguntarem "quando" e "se" vou ter outro filho, eu tenho dúvidas, não posso responder imediatamente.
 Infelizmente ainda junto meus caquinhos internos, e sei que preciso de um tempo pra mim, pra curtir mais meu filhote, pra esquecer tudo o que passou, que o vento leve as amarras do meu coração, para que meus medos não tomem conta de uma próxima gravidez, pra poder acreditar que isso pode me fazer feliz de novo.... que será tudo natural, sem pressa, sem dor, sem sofrimento....
Por enquanto o tema segundo filho é "pasta arquivada", "arquivo x"  aqui em casa , mas em algum momento do ano que vem ou do outro ano,  sei que vamos abrir o baú empoeirado com este arquivinho x e colocar novamente este assunto em pauta, para que, caso a gente decida pelo segundo filho, que venha em boa hora e numa história com final feliz. Não espero perfeição, só algo bom e gostoso de ser vivido.

Por hora vamos curtindo nosso primogênito, príncipe dos mares, com todas as coisas insuportáveis de filho único, mas fazer o que? Já estava escrito, no livrinho das nossas vidas,era para ser assim, e por enquanto, nossa vida pequenina se resume em nossa micro family com 1 filho e 1 cachorro.... que já é tudo para mim, mais do que eu poderia querer e que eu agradeço todos os dias por fazer parte disto. O futuro a Deus pertence e eu quero viver bem hoje e depois com o que eu já ganhei da vida.


Beijos de mãe que divide a dor


p.s. todas as imagens deste post foram tiradas do site http://www.dizdecor.com/ que eu descobri fuçando por aí  e é o máximo dos adesivos de parede! amei!